O Dolphin Lodge é um empreedimento familiar. Os seus quatro bangalôs e seis chalés ocupam a pequena área de um terreno bastante extenso, onde a Floresta Amazônica segue bem preservada. A hospedagem inclui diversos passeios, alguns deles feitos dentro da propriedade.
Isso não tira, de forma alguma, a autenticidade da experiência. Estamos mesmo em uma mata nativa, sem qualquer tipo de proteção de cercas, controle de entrada de animais ou coisa do tipo. O máximo que acontece é haver um caminho mais ou menos demarcado, já que os guias percorrem com grupos de turistas muitas vezes pelos mesmo lugares.
Ali fizemos a trilha na selva, que proporciona um bom contato com a natureza selvagem e a oportunidade de aprender muito sobre a fauna e flora local. Todo o passeio é feito com o acompanhamento de um guia, que fica responsável por um pequeno número de pessoas. A composição pode variar durante a estadia com a chegada e partida dos hóspedes. Dependendo de quantas pessoas estão viajando juntas, forma-se um grupo exclusivo.
Meu maior trauma nesse lugar foi a quantidade de mosquitos que ficavam atacando o tempo inteiro. Por isso, é importante usar roupas adequadas. Com calça e camisa de manga comprida mais largas se ganha alguma proteção. Se estiverem coladas ao corpo não adianta tanto, porque os bichinhos conseguem te chupar através do tecido, que precisa ser fino por causa do calor. É recomendado usar cores escuras para camuflar melhor no ambiente e um bom calçado de trilha. Nessa área tínhamos uma boa sombra das árvores, mas é sempre bom levar chapéus ou bonés.
Atualmente, temos a opção de usar repelentes para espantar os mosquitos. O guia também levava alguns incensos, que fomos acendendo durante a caminhada. Embora isso ajude, não chega a solucionar totalmente o problema, já que os bichinhos estavam realmente sedentos. Achei interessante saber que antigamente eram usadas alternativas naturais, como esfregar essas formigas na pele, camuflando o cheiro do corpo e servindo como um repelente natural.
Também aprendemos sobre o uso das árvores e plantas no cotidiano das comunidades indígenas e ribeirinhas. Aproveita-se tudo: casca, tronco, raízes, folhas, frutos e seiva. Cada espécie possui particularidades, como a firmeza ou maciez da madeira, as propriedades medicinais de cada elemento, o formato e impermeabilidade das folhagens, etc.
Esse é um passeio que não faria nenhum sentido feito por conta própria, pois o que torna tudo interessante é justamente as informações passadas pelos guias locais. E muito desse conhecimento ainda é aplicado em suas vidas, como o uso da palha para a cobertura das construções, que deve ser feita com o material, posição e quantidade adequados para funcionar corretamente.
A vantagem de ser orientado por uma pessoa da própria comunidade é que percebe-se sua intimidade com o que é demonstrado. Rapidamente, ele fez alguns acessórios como leques e adereços para todos. O trançado também pode ser usado para fabricar cestos e outros utensílios úteis no dia-a-dia.
Estando em uma área selvagem, também encontramos alguns bichos durante os passeios na floresta, como jacarés, preguiças, aranhas e muitos pássaros. Também pudemos vislumbrar botos cor-de-rosa, mas nada tão evidente quanto nos lugares onde eles são alimentados e domesticados para interagir com os humanos. É preciso deixar claro que dificilmente se vai dar de cara com onças ou outros animais grandes, que evitam a presença dos humanos.
O que achamos fácil, ou melhor, o guia pegou para a gente, foram essas larvas de besouro, também conhecidas como bicho-do-coco, tapuru ou gongo. Elas se desenvolvem dentro do fruto e podem ser consumidas pelo seu alto teor de proteína. Eu recomendo experimentar, pois o gosto é até agradável, lembrando o coco da qual elas se alimentam.
Se você tiver problemas com ela estar se mexendo e explodir um líquido viscoso na boca quando mordida, há também a opção de comer a larva assada. Assim, ela fica com uma casquinha crocante. Eu acabei comendo as duas versões, depois de superar uma leve repulsa inicial. Posso dizer que tive uma experiência completa.
Viajento 