A Floresta Amazônica possui cerca de 5.000.000 km2 e abrange territórios pertencentes a nove países, representando mais da metade das florestas tropicais de todo o mundo e a maior biodiversidade desse ecossistema. O Brasil possui 60% do total dessa área verde no continente sul americano. Obviamente, eu conheci apenas uma pequena parte disso tudo, mais especificamente nas redondezas de Manaus.
Com uma visão superior, a floresta parece uma camada contínua de árvores, cujas copas estão atingem uns 30 metros acima do solo. Na capital, é possível ver isso no Musa – Museu da Amazônia, sendo necessário reserva prévia para acompanhar o nascer ou o pôr-do-sol. Eu recomendo fazer o tour guiado, que tem duração total de quatro horas e inclui o transporte desde a hospedagem, acompanhamento durante a visita, explicações sobre a fauna e flora, trilha pela mata e subida até o topo da torre de observação, além de uma parada no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
Apesar de bastante plana, a maior parte da floresta nunca se alaga, ficando de 130 a 200 metros de altitude. O terreno é formado pelos sedimentos de um enorme lago que ocupou a bacia amazônica de 1,8 milhão a 25 mil anos atrás. À medida em que as montanhas da Cordilheira dos Andes se erguiam, os rios foram abrindo seus caminhos. Manaus fica no encontro dos rios Negro e Solimões, que possuem tonalidades de água diferentes que seguem lado a lago, sem se misturar por um longo período.
Muitos dos passeios feitos a partir da cidade incluem a navegação de barcos, como o tour do Rio Negro, que inclui visita a uma comunidade indígena, banho com botos cor-de-rosa e uma praia de água doce. Outras alternativas são fazer um bate e volta com a excursão à Floresta Amazônica e a ida até as Ilhas Anavilhanas. Como grande parte do transporte local é feito pelos rios, a cidade conta com maior porto flutuante do mundo, que atende às cidades do interior e outros estados da região. Circulam por ali barcos de passageiros e mercadorias, além de grandes navios de cruzeiro que chegam de várias partes do mundo. A estrutura foi planejada pelos ingleses e inaugurada em 1907, quando a cidade vivia o auge do ciclo da borracha.
A área urbana foi transformada pela demanda do material a partir da revolução industrial, passando a ser conhecida como a “Paris dos Trópicos”. Isso pode ser visto em um passeio pelo centro histórico, que passa pelos prédios mais emblemáticos e abarca boa parte do desenvolvimento da capital, podendo ser complementado com uma volta de lancha rápida pelo rio, que inclui a visita a uma comunidade ribeirinha. O tour do seringal tem um roteiro parecido, mas segue para o Museu do Seringal, que conta a trajetória dos barões da borracha e o consequente desenvolvimento econômico e social da cidade. O tour pelos rios Negro e Tarumã com Museu do Seringal também foca nesse período da história.
A Floresta Amazônica tem grande influência no ciclo da água regional, já tendo alternado entre climas diversos. A última fase fria e seca foi há cerca de 18 ou 12 mil anos, com clima semiárido e predomínio de vegetações abertas, como cerrado e caatinga. Atualmente, possui clima equatorial, com pouca variação de temperatura ao longo do ano. A média de máximas costuma ficar em torno dos 30° C, enquanto as mínimas ficam próximas dos 23° C. Em resumo, é sempre muito quente.
A sensação térmica ainda é maior devido à alta umidade, já que a região recebe chuvas abundantes durante boa parte do ano. O principal período chuvoso vai de dezembro a maio, causando o aumento gradual do nível dos rios. Isso influencia diretamente nos passeios, já que muitas praias de água doce só aparecem no período de seca. Eu fiz a viagem em agosto e a vazão já estava abaixando, sendo possível ver a marca da água nos troncos das árvores. Para a tabela acima, considerei as médias da cidade de Careiro, no estado do Amazonas, em cuja região onde fiquei hospedado.
O Rio Amazonas recebe esse nome após a junção das águas dos rios Negro e Solimões, seguindo até desaguar no Oceano Atlântico. Durante a seca, a área submersa é de 110.000 km2. Com as chuvas, esse número mais que triplica, chegando a 350.000 km2. Trata-se do rio com maior vazão de água em todo o mundo, atingindo 11 km de largura na época seca e 50 km de largura durante as chuvas. Além disso, tem uma profundidade de 100 metros e é navegável por toda a sua extensão.
Os números da biodiversidade também impressionam. Uma em cada dez das espécies conhecidas no mundo vive na Floresta Amazônica, que conta com números absurdos de insetos, peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis já classificados, além de muitas ainda a serem descobertas e/ou catalogadas. Infelizmente, o desmatamento representa uma grande ameaça a diversos animais e plantas, além de trazer desequilíbrio para o clima. O processo ganhou força a partir dos anos 1960, principalmente com corte de árvores e queimadas para dar espaço a plantações e criação de gado. Como os solos perdem a fertilidade em pouco tempo, os fazendeiros se mudam para novas áreas constantemente. Também tem crescido a exploração dos minérios.
Saindo de Manaus, é possível contratar passeios como o tour de dois dias pela Floresta Amazônica e o tour de oito dias pelo Rio Negro. Entre as hospedagens, a mais famosa é o Juma Amazon Lodge, que possui acomodações elevadas ao nível da copa das árvores e quartos elegantes na região de Autazes. Já o Amazon Arowana Lodge, também com ótima estrutura, fica na região de Careiro. Eu escolhi um outro sala pertinho. O Dolphin Lodge é uma ótima opção por unir conforto e bom custo-benefício, tendo bangalôs com ar-condicionado e banheiros privativos com chuveiro de água quente.
Eu fiquei alguns dias por lá e achei a experiência muito rica. A estadia inclui todo o transporte partindo do aeroporto ou de sua hospedagem em Manaus; pensão completa com café da manhã, almoço e janta; além de uma programação de diária de atividades pela área próxima, sempre feita com deslocamentos em canoa pelos rios, igarapés e igapós, como são chamadas as áreas inundadas da floresta.
Os guias locais são responsáveis por levar os turistas a atrativos como trilha na selva, pesca de piranha, extração da borracha, visita à casa dos ribeirinhos, árvore samaúma e outros passeios na mata. Como parte da comunidade, eles passam muitas informações interessantes sobre a história, cultura, clima, plantas, animais, uso dos recursos naturais e outros. Uma experiência realmente enriquecedora.
Quem quiser um contato mais direto, pode reservar um dos pacotes que incluem a sobrevivência na selva. Nessa modalidade, eles ensinam a montar um acampamento no meio do mato e garantir sua proteção. Os viajantes fazem a pesca dos peixes que serão consumidos no almoço e jantar, coletam frutos para complementar a alimentação, aprendem onde e como acender fogueiras sem equipamentos e outras experiências, incluindo a degustação de larvas de besouro.
Muitas pessoas viajam para a Floresta Amazônica na expectativa de ver de perto onças pintadas, cobras e outros animais de grande porte em seus habitat natural. A realidade não é bem essa, já que eles vivem bem espalhados e evitam a nossa presença. Os botos cor-de-rosa, por exemplo, apareciam rapidamente e já mergulhavam, diferentemente dos lugares onde são alimentados e treinados para interagir com os humanos. Mas pudemos ver bem muitos pássaros, jacarés, preguiças, aranhas, sapos, macaquinhos e outros.
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