Uma das vantagens de me hospedar no bairro Adrianópolis, mais moderno e agradável que o centro histórico da cidade, foi ficar próximo desse restaurante que é uma referência mundial da comida amazonense. Ele fica pertinho do Hotel Adrianópolis All Suítes e também do Blue Tree Premium Manaus – fiquei em um no começo da viagem e no outro ao final, com uma ida à selva no meio disso.

O espaço é comandado pelo celebrado chef Felipe Schaedler, nascido no sul do país e morador da cidade de Manaus desde a sua adolescência. Após a experiência no empreendimento familiar de uma pizzaria, ele se lançou em uma carreira própria com a abertura do Restaurante Banzeiro, em 2009.
Ambiente ★★★★☆
A ideia parece ter sido trazer sofisticação à gastronomia tradicional. Isso se reflete no ambiente com elementos simples e bem trabalhados para representar a cultura amazonense, como pinturas e objetos que retratam a paisagem da região, os animais, a arquitetura e outros elementos.

Eu achei bem agradável, embora não dê para negar que é uma versão gourmetizada e menos autêntica. De qualquer maneira, achei o espaço bonito, elegante e limpo. Além desse salão principal, também há uma área mais reservada no fundo, permitindo reunir grupos grandes e até mesmo fazer eventos fechados.
Serviço ★★★★★
Como eu fui no horário de almoço em um dia de semana, o restaurante não estava cheio. As informações sobre os dias e horários de funcionamento, contato para reservas, fotos dos pratos e novidades podem ser encontrados na página oficial.

Mesmo que a baixa lotação possa ter agilizado muito o atendimento, acho importante citar como ponto positivo a eficácia e simpatia dos funcionários. O atendimento era ágil, mas também bem natural, mesmo que o ambiente sugerisse uma certa formalidade. Mostrando preocupação em explicar detalhes sobre as bebidas e comidas servidas, o rapaz que ficou responsável pela minha mesa fez sugestões relevantes sobre os pedidos, o que me deixou muito satisfeito.
Preço ★★★★☆
O Restaurante Banzeiro tem preços que podem ser considerados elevados, mas que condizem com a qualidade dos ingredientes e o trabalho de criação envolvido. Eu adorei me surpreender com uma nova roupagem para pratos e bebidas tradicionais. Realmente valeu pela experiência, pois estava tudo delicioso.
Comida ★★★★★
Os sabores da culinária amazônica têm se destacado cada vez mais nacionalmente, em grande parte pelo trabalho de renovação desenvolvido pelo chef Felipe Schaedler.

No restaurante, ele apresenta versões contemporâneas dos clássicos, trabalhando novos sabores, texturas, cores e aromas da floresta. Ao mesmo tempo, não deixa de lado o trivial, mais buscado pela população local. Como entradinha, por exemplo, foi servido como cortesia um simples e saboroso caldo de tambaqui.

As misturas inusitadas aparecem já nas bebidas, com iguarias locais como a pimenta de cheiro, o jambu e o cupuaçu se unindo a destilados nacionais e importados. Eu escolhi o tucumã, com whisky irlandês, carpano clássico, biltre e calda de morango, além de gotas da fruta amazônica que dá nome ao drink.

O prato principal foi dividido por duas pessoas. Fomos no peixe uarini, um filé de pirarucu empanado na grossa farinha com bolinhas que lembram as ovas de peixes, acompanhado de baião de dois, vinagrete, banana frita e purê de mandioquinha. Dá para perceber que são elementos clássicos da gastronomia nortista, mas preparados e servidos com sofisticação.

Embora todos os acompanhamentos estivesse perfeitos, o destaque vai mesmo para o filé de pirarucu, preparado no ponto certo para ficar úmido e soltando lascas generosas. E isso é só um pedacinho, já que se trata de um dos maiores peixes de água doce no país, alcançando os três metros de comprimento e duzentos quilos.

Para a sobremesa pedi um petit gateau de cupuaçu, que é o tradicional bolinho de chocolate por fora, mas com o doce da fruta no centro. Como é de costume, acompanha o sorvete que, nesse caso, é de tapioca. Eu confesso que fico entediado quando vejo essa sobremesa, presente em praticamente todos os restaurantes em tempos atuais. Mas não dá para negar que conseguiram inovar com os sabores locais. Inclusive, o azedinho do cupuaçu funcionou perfeitamente para quebrar o doce por vezes excessivo da versão tradicional.
Resumo ★★★★★
O Restaurante Banzeiro trabalha bem os elementos regionais em pratos contemporâneos. Vale a pena como experiência gastronômica, possibilitando experimentar ingredientes considerados exóticos por quem vem de outros lugares do Brasil e do exterior.