Quem viaja para a Patagônia, no sul da Argentina, encontra paisagens belíssimas na porção final da Cordilheira dos Andes, com glaciares, lagos, bosques, cachoeiras e outros atrativos. Um dos destaques da região é a pequena vila turística de El Chaltén, conhecida como o principal destino de trilhas do país.
O nome faz referência ao Cerro Chaltén, ponto mais alto da região, chegando a 3.375 metros de atitude. Na língua dos povos originários, chaltén significa “montanha fumegante” ou “montanha azul”. Para nós, é mais comum se referir a ele como Monte Fitz Roy, tendo sido assim denominado pelo explorador Perito Moreno em homenagem a Robert Fitz Roy, capitão que comandava o barco HMS Beagle, que navegou pelo Rio Santa Cruz em 1834.
A comunidade às margens do Río de las Vueltas foi fundada por decreto em 1985 como um assentamento, tendo como objetivo garantir o domínio argentino na área, que era disputada pelo Chile. Nessa época, o local contava apenas com uma hospedagem simples e uma ponte, além de ruas abertas com maquinários e placas indicando onde seriam construídas as estruturas básicas.
Os primeiros moradores era funcionários públicos, que se instalaram nas treze casas construídas pelo governo provincial, dando início à ocupação efetiva do território. Por estar em uma área mais isolada, os anos iniciais foram marcados por certo abandono, com recursos escassos e fortes disputas locais pelo poder. Os serviços de eletricidade, água, polícia e escola eram limitados. Médicos, enfermeiros e ambulância, inexistentes.
Com o tempo, chegou uma nova onda migratória composta por pessoas e famílias que buscaram um lugar melhor para morar. Esse movimento também impulsionou os serviços de turismo, tanto para visitantes tradicionais quanto para aqueles que tinham como objetivo fazer escaladas e outros esportes.
Em 1991, a cidade possuía apenas 41 residentes permanentes. Na década seguinte, o número alcançava 371 e, na próxima, 950. Atualmente, estima-se que já tenha ultrapassado 1200 habitantes. De fato, ainda é um lugar pequeno, sendo facilmente percorrido de uma ponta a outra em poucos minutos de caminhada.
Mas seu potencial faz com que tenha mais de cem opções de hospedagem entre casas, apartamentos, hotéis, albergues, chalés e acampamentos. Eu escolhi um estúdio do Nikeu Aparts para ter mais conforto durante a estadia.
O principal ponto de entrada para região é o aeroporto de El Calafate, de onde a maioria dos turistas segue de ônibus em uma viagem de cerca de três horas até El Chaltén. Também é possível fazer o transporte de transfer ou alugar um carro. Várias empresas ligam o vilarejo a outras cidades da região.
Visitar os atrativos exige um bom planejamento, já que a maioria só pode ser alcançada através de trilhas de diferentes intensidades, podendo ser feitas por conta própria ou através de passeios guiados. Como a pequena cidade fica lotada nos meses mais quentes, entre outubro e março, é recomendado fazer as reservas com certa antecedência.
É importante ressaltar que os atrativos visitados durante a estadia em El Chaltén encontram-se dentro de uma reserva natural. Instituída em 1937, a área de preservação tem como objetivo proteger os campos de gelo, uma enorme reserva de água doce congelada, além da fauna e flora típicas da região. O Parque Nacional los Glaciares ocupa uma área com mais de 700.000 hectares, dos quais uma parte pode ser visitada.
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