Título original: Vjeran Tomic: L’Homme-Araignée de Paris
Ano: 2023
Direção: Jamie Roberts
Esse documentário apareceu como uma sugestão para mim enquanto navegava no catálogo da Netflix e eu comecei a ver sem ter a menor noção do que se tratava. Pelo título, imaginei que fosse apenas a história de uma pessoa capaz de escalar os prédios icônicos de Paris, o que me daria a oportunidade de rever seus pontos turísticos mais famosos.

De fato, não faltam belas imagens da cidade francesa, pois Vjeran Tomic é realmente um especialista em escalada. As cenas que mostram as subidas pelas paredes, caminhadas em cima dos prédios e movimentos arriscados são literalmente de tirar o fôlego, dando até mesmo uma certa vertigem em quem tem medo de altura. Tratam-se de imagens de reconstituição, mas isso não diminui o impacto da trama.

Ele usava essa incrível habilidade para entrar nas casas de pessoas ricas. Quanto mais alto em um prédio ficava o apartamento, menos sistemas de segurança eram usados, o que facilitava sua entrada. Com o tempo, ele foi se tornando mais ousado, alimentado pela adrenalina das invasões, até chegar ao planejamento um grande assalto. De fato, esse documentário retrata o maior roubo de arte da história francesa.

A partir do contato com vendedores de jóias roubadas, ele recebeu encomendas de pinturas de artistas famosos. Sua ideia foi assaltar o Musée d’Art Moderne, especializado em obras dos séculos XX e XI. Todo o processo do roubo é descrito com detalhes, visto que além de outras pessoas envolvidas no caso, o principal entrevistado é justamente o executor das ações. Ele levou obras de Fernand Léger, Pablo Picasso, Henri Matisse, Amadeo Modigliani e Georges Braque, totalizando um valor estimado ultrapassa os cem milhões de euros.

Para além do roubo em si, também é interessante conhecer e analizar a personalidade do Vjeran Tomic. A complexidade de suas atitudes, posturas e falas é o que torna o documentário tão rico, causando reações contraditórias no espectador. Apesar de sua capacidade física inegável, as justificativas usadas por ele para cometer seus crimes e a postura egocêntrica podem causar tanto asco como admiração.

Entre os policiais, funcionários do museu, vítimas e outras pessoas entrevistadas, também existe essa variedade de opiniões com relação ao ladrão, tratado como um criminoso respeitado por alguns. É justamente essa riqueza de informações reunidas que torna o documentário tão interessante.