Ano: 2023
Direção: Elizabeth Chai Vasarhelyi e Jimmy Chin
Elenco: Annette Bening, Jodie Foster e Rhys Ifans
Esse filme é baseado no livro Find a way, ainda sem lançamento em português. Trata-se de uma autobiografia da americana Diana Nyad, que ficou famosa nos anos 1970 por seus feitos como nadadora maratonista, como dar a volta pela ilha de Manhattan (45 km) e, anos depois, fazer a travessia de uma ilha das Bahamas até a Flórida, nos Estados Unidos (164 km), entre outros feitos diversos.

Mas nem tudo foi sucesso em sua carreira. Em 1978, ela falhou em completar a travessia partindo das proximidades de Havanna, em Cuba, e a cidade americana de Key West, um percurso de 180 km. A tentativa aconteceu pouco tempo após as restrições de viagem entre os dois países serem derrubadas. Ao completar sessenta anos de idade, ela decidiu retomar o objetivo e partiu para um treinamento intensivo. A ideia era ser a primeira pessoa a percorrer todo o trajeto sem uma gaiola de proteção contra tubarões, o que traria novos desafios.

O filme é bem sucedido no questionamento do que pessoas que atingem certa idade podem ou não fazer, mostrando uma história de superação que funciona particularmente bem devido às atuações competentes. Para trazer mais força visual a essa questão, as atrizes principais insistiram que não fossem usados efeitos especiais e nenhum tipo de maquiagem em seus rostos ou corpos. O uso desses artifícios foi limitado a mostrar os efeitos de ficar imerso em água salgada por dezenas de horas e outras adversidades.

Embora represente um mar aberto, as filmagens foram feitas no enorme tanque de um estúdio cinematográfico da República Dominicana. O complexo, que também foi usado para outras passagens do filme, fica em uma pequena comunidade à beira do mar chamada Juan Dolio, no coração do Caribe. Isso garantiu maior segurança para todos os envolvidos e controle dos aspectos técnicos.

Mas também foram feitas diversas imagens em locações reais. Uma boa parte da história se passa em Cuba, ilha famosa pela sua rica cultura, a beleza dos pontos turísticos e atividades como ciclismo, mergulho e visitas a cavernas. A partida do nado foi filmada ali, garantindo mais autenticidade à cena.

Como já mencionado, o objetivo da nadadora era chegar até Key West, que fica em uma ilha no sul do estado da Flórida e possui belas praias que também foram palco de gravações. Por fim, a produção ainda passou por Los Angeles, como na primeira cena com as personagens principais. Já a abertura mistura imagens reais das aparições de Diana Nyad em programas de televisão com cenas ficcionais, um recurso que reaparece ao longo do filme.

De modo geral, achei o filme bem sucedido em discutir sobre etarismo e emocionar com um caso de superação de limites. Além disso, me permitiu conhecer melhor essa modalidade de esporte, as grandes dificuldades envolvidas, a necessidade de ter uma grande equipe, a complicada logística, mas, acima de tudo, o impacto desse esforço imenso no corpo e na mente.

Entre as poucas coisas que me incomodaram, posso citar a inserção de eventos do passado que ficaram um pouco soltos no enredo, embora sirvam para acrescentar certa profundidade às posturas da personagem principal. Eu também já imaginava qual seria a conclusão, o que tira a força em termos de surpresa, mas é nem sucedido em emocionar de qualquer maneira.

Por fim, eles evitaram entrar ou se aprofundar em temas controversos, como a recusa da World Open Water Swimming Association (WOWSA) em reconhecer e certificar o feito da nadadora com questionamentos diversos, como ter recebido assistência da equipe para ajustar a roupa, a ausência de avaliadores independentes durante todo o trajeto e lacunas no registro de vídeo. Mas nada disso diminui o valor da história envolvente e motivacional.