Enquanto eu esperava dar o horário para pegar o transfer gratuito que vai do centro da cidade até o Glaciarium, museu temático sobre as geleiras da região, resolvi dar uma volta nesse parque. Acabei descobrindo que é um lugar super agradável e vale a pena a visita, principalmente para quem tem um tempinho de sobra e está nos arredores da avenida principal.

Ali funciona a parte administrativa do Parque Nacional los Glaciares. O espaço foi construído em 1946 e é considerado um monumento histórico municipal, com algumas construções charmosas. Mas também há uma estrutura de informações ao turista, onde é possível pegar mapas, conferir as condições climáticas, saber mais sobre as geleiras e tirar dúvidas sobre os atrativos locais. Além disso, está liberado o uso dos banheiros e o acesso à internet.

Fora os dados sobre os glaciares, a pequena exposição também trata das particularidades dos diversos ecossistemas encontrados nas proximidades (estepe, ecótono, zona úmida, bosque e alto das montanhas). El Calafate está em uma área onde predomina o estepe, com poucas chuvas ao longo do ano, plantas baixas e espinhosas. Apesar disso, o uso da irrigação permitiu criar uma cidade bem arborizada, o que ajuda a proteger as casas do vento. Falando nisso, os jardins são os grandes atrativos do local, incluindo espécies da fauna e flora nativas e exóticas. Me chamaram a atenção, particularmente, as enormes rosas de variadas cores.

Algumas esculturas espalhadas pelas trilhas homenageiam personalidades e momentos importantes da história da região. Uma das pessoas citadas é Charles Darwin, que participou de uma expedição ao redor do mundo entre os anos de 1831 e 1836, passando pela Argentina e outros países próximos. Anos depois, publicou relatos sobre a experiência e, mais tarde, a primeira versão de suas teorias da evolução e da origem das espécies. O restante de sua vida foi dedicado aos estudos no campo da botânica.

Mas o grande destaque fica mesmo para Francisco Pascasio Moreno ou, como é mais conhecido, Perito Moreno. Desde jovem, fez viagens por terras inóspitas, interessado pela natureza, arqueologia e a vida dos povos originários. A partir de 1874, participou do mapeamento dos limites naturais ao longo da Patagônia, o que resultou na oficialização das fronteiras nas terras argentinas e chilenas na década seguinte. Também foi responsável pelo Museo de Ciencias Naturales de La Plata, uma referência mundial na área.

Por fim, podemos ver diversas máquinas e equipamentos usados pelos trabalhadores do parque ao longo dos anos. Isso é especialmente interessante para quem gosta de objetos antigos. De qualquer maneira, a exposição cria um visuais inusitados, como uma bomba de gasolina no meio do gramado. A visita é livre e, mesmo sendo feita com calma, não leva muito tempo para caminhar por toda a área.