Buscando incluir uma boa variedade de atividades na minha estadia em El Calafate, já que não queria que a viagem se tornasse muito repetitiva, decidi embarcar em um tour com foco mais histórico que acabou sendo muito agradável. O Nativo Experience é um passeio de 4×4 pelas margens do lago e seus sítios arqueológicos, finalizando com uma refeição completa dentro de uma caverna.
Eu escolhi ir no período da tarde, pois achei que seria mais interessante um jantar com uma iluminação especial do que o almoço. O serviço é revendido por diversas agências, sem grande variação nos preços, mas realizado pela Patagonia Profunda. É recomendado fazer a reserva antecipada, principalmente nos meses de alta temporada.

A retirada no local de hospedagem aconteceu no meio da tarde, sendo possível combinar com outro passeio pela manhã. Eu estava no Hotel Kosten Aike e nos buscaram na porta. Para quem está ficando em uma casa ou apartamento particulares, há um ponto de encontro no centro da cidade. A ordem vai depender da programação deles. Como eu fiquei no começo, pude escolher livremente o lugar no veículo – o assento é mantido o mesmo durante todo o passeio.

Durante o trajeto, o guia vai explicando sobre as características da geografia local, com foco na fauna e flora nativas e trazidas para a região, mas também conta algumas histórias e curiosidades. O grupo era formado por pessoas de diferentes nacionalidades, mas o guia falava principalmente em espanhol e português, já habituado à quantidade de turistas brasileiros que visitam a cidade.

Foram cerca de 9 km até a primeira parada – um mirante com vista privilegiada do Lago Argentino, um dos maiores do país, com superfície de 1415 km2 e profundidade média de 150 m, alcançando centenas de metros nos pontos mais profundos. Esse é o maior e mais austral lago da Patagônia Argentina. Ali desaguam vários glaciares que descem pelas montanhas da Cordilheira dos Andes, principais atrativos da região. Também é possível ver a cidade ao longe.

Voltamos para o veículo e descemos em direção à margem do lago, que poderia funcionar como uma praia de água doce, embora eu tenha dúvida de que alguém tenha ânimo o suficiente para se banhar nessas águas devido às baixas temperaturas durante todo o ano. A área é conhecida como Punta Walichu e chegamos lá já com o pôr-do-sol.

O local possui uma estrutura básica, com banheiros simples e um café, por onde passamos rapidamente. Dá para comprar uma água, caso não tenha levado. Quem vai por conta própria pode aproveitar e fazer um lanche com calma, embora eu acredite que a visita guiada seja mais interessante pelas informações passadas pelo guia.

De fato, ele domina muito bem o tema e explica de forma simples e didática. Após a breve caminhada de uns 300 metros, paramos em um ponto próximo à margem do lago para ouvir explicações sobre os povos que ocupavam a região muito antes da chegada dos colonizadores espanhóis. Importante notar que essa área só foi descoberta e explorada no final do século XIX.

O sítio arqueológico em si é bem simples, contando com algumas pinturas rupestres nas paredes rochosas da área conhecida como Cuevas de Gualicho. Obviamente, elas só ganham algum sentido para os visitantes leigos quando seus possíveis significados são explicados, incluindo elementos diversos da cultura indígena.

Com mais uns 150 metros de caminhada, já no escuro da noite, chegamos ao local onde é servido o jantar na caverna. Embora eu tenha feito essa viagem no começo do outono, logo após a alta temporada dos meses de verão, estava fazendo bastante frio no local. Além das temperaturas baixas, o vento é bem gelado. Recomendo o uso de roupas de frio adequadas, além de acessórios como cachecol, luvas e gorro. Já na parte interna, estava mais tranquilo, pois havia aquecedores. O ambiente é bem interessante, mas a comida também vale a pena.

Começaram servindo vinho e outras bebidas não alcoólicas. Depois da entrada, uma sopa tradicional, partimos para o famoso refogado de cordeiro com legumes, que é servido dentro de um pão. Particularmente, eu acho o sabor da carne muito forte, mas resolvi comer por ser um dos pratos típicos da região. Caso não queira comer carne, é preciso informar no momento da reserva para receber a opção vegetariana. Por fim, fechamos com uma mousse de chocolate.

Após o momento de descontração, com o estômago forrado, fizemos o trajeto até o carro sob a luz das estrelas – essa área não tem iluminação artificial e o tempo estava limpo, proporcionando uma boa visualização. Depois foi só esperar o retorno até a hospedagem em El Calafate.
