Durante a minha estadia em Ushuaia, foram frequentes as vezes em que tanto pessoas que vivem na cidade quanto outros turistas que encontrei nos passeios comentaram sobre comer a famosa centolla. Também conhecida como king crab, trata-se de um caranguejo gigante que vive nas águas geladas do sul do continente.
El Viejo Marino é um dos especialistas da iguaria na cidade, tanto que o aquário com os animais fica exposto na vitrine do restaurante. Eu nunca havia experimentado e confesso que não me desperta tanta curiosidade. Na verdade, fui até o estabelecimento para comer outro prato muito recomendado: a merluza negra.
Ambiente ★★★☆☆
Localizado de frente ao porto turístico, de onde partem os passeios pelo Canal Beagle, o restaurante tem uma estrutura bastante simples. São dois ambientes bem pequenos, com móveis antigos.
Eu percebi que eles não têm uma grande preocupação em trabalhar a parte estética para atender as expectativas dos turistas. Pelo contrário, a ideia é que seja um lugar mais autêntico, onde as pessoas devem ir pela comida. Eu acredito que dê para trabalhar esse conceito e deixar o espaço mais agradável, mas não posso dizer que tenha algo de errado.
A decoração se limita a elementos locais, com algumas fotografias e objetos que remetem à pesca. Também foram dispostas bandeirinhas de vários países. Tudo bem informal e sem grandes pretensões.
Serviço ★★★☆☆
Não é possível fazer reserva para almoço ou jantar no El Viejo Marino, com os clientes sendo atendidos em ordem de chegada. Não acho que isso seja um problema, mas acredito que poderiam ao menos trabalhar com uma lista de espera, o que daria maior liberdade para as pessoas, que não precisariam manter-se em fila na porta. Além disso, ficar em pé num ambiente externo e frio por um tempo considerável não é nada agradável. A dica para diminuir o problema é chegar antes mesmo de abrirem.
Apesar da possível demora para entrar, já que este é um dos restaurantes mais bem avaliados de Ushuaia, o atendimento é bastante eficiente. Fomos bem recebidos e a comida também não demora a ser servida. Também percebi a preocupação dos profissionais em explicar aos clientes como quebrar as patas das centolla para retirar a carne, já que o animal chega inteiro no prato e esse trabalho faz parte da experiência gastronômica.
Preço ★★★☆☆
O prato carro-chefe da casa é bem caro, mesmo o peso argentino estando desvalorizado e usando a cotação do dólar paralelo no câmbio. Eu fui para comer um peixe, cujo valor também não era em conta, mas que se justifica pela qualidade do produto servido. Inclusive, os preços são melhores que de outros restaurantes da região que servem as mesmas iguarias. O cardápio fica disposto na porta para consulta prévia e o pagamento pode ser feito em dinheiro ou cartão.
Comida ★★★☆☆
O menu é bem focado na centolla, merluza, salmão e mariscos diversos, embora haja algumas opções com carne e pasta. Com excessão do caranguejo gigante, todos os pratos são individuais e podem incluir acompanhamento à escolha.
Parece ser padrão servirem uma entradinha que, pela minha experiência, nunca é cobrada. Nesse caso, o couvert foi um pão de sal, desses mais simples que existem, acompanhando de uma maionese temperada.
Como eu já imaginava que o prato principal seria bem servido, parti direto para a Merluza Negra El Viejo Marino. O peixe grelhado estava num ponto perfeito, bem crocante por fora e suculento por dentro. Nesse caso, o acompanhamento já era definido e consistia em um molho rosa com carne de caranguejo e lagostins. Estava gostoso, mas meio sem tempero para os padrões brasileiros, algo parcialmente corrigido com um pouco de sal.
Resumo ★★★☆☆
Embora tenha achado a comida boa, confesso que ficou aquém da expectativa criada pelas recomendações feitas pelas pessoas que encontrei pela cidade ou nos comentários pela internet. Valeu a pena conhecer e os preços são justos, mas nada que tenha me impactado.
Viajento 