O restaurante Conto de Réis funciona em um casarão do século XVIII, construído em meados de 1772 por um português muito rico, proprietário de minas de extração de ouro e um grande número de escravos. Na parte superior, onde viviam os proprietários à época, fica a Pousada Casa dos Contos. Os donos do empreendimento são conscientes da importância histórica da arquitetura e dos objetos ali presentes, garantindo a sua preservação e uma experiência diferenciada para os hóspedes.

Ambiente ★★★★★
Isso também aparece no ambiente do restaurante, que ocupa a área antigamente destinada à senzala. Era nesse porão onde trabalhavam e dormiam os escravos. Entre dois pilares de sustentação, é possível ver um sino que indicava seu horário de alimentação – inhame, mandioca, feijão preto e angu de fubá de milho, com folhas bananeira ou inhame servindo de prato. Eles não recebiam as carnes bovina ou suína. Também estão expostas algemas, correntes e ferramentas antigas.

Eu tenho uma relação conflituosa com esse tipo de ambiente. Ao mesmo tempo que acho importante mostrar como era a vida em Ouro Preto, retrato dos absurdos de tempos passados, também acho que existe uma certa condescendência em usar os itens como decoração. De qualquer maneira, é uma oportunidade de observar melhor arquitetura do local, com suas paredes de pedra e estrutura de madeira à mostra.

Obviamente, o espaço foi readequado para funcionar como um empreendimento moderno, mas ainda é possível ver fechaduras, trincos, puxadores e batentes autênticos, funcionando como um pequeno museu. Complementa essa sensação o chão gasto, o teto baixo e o uso de móveis antigos, além peças como namoradeiras e outras esculturas de barro. Até os copos coloridos de vidro, a panela de ferro onde é servida a comida e as louças parecem vindos de uma casa antiga.

Há, ainda, um ambiente voltado para a comercialização do artesanato local, incluindo peças de decoração, lembrancinhas e alimentos diversos, com destaque para os doces caseiros. É uma lojinha simples, mas que vale a pena conhecer.
Serviço ★★★★☆
Eu fui ao estabelecimento para um almoço de domingo e não estava cheio, então pude escolher onde sentar e fui atendido e servido com rapidez. Também não tenho do que reclamar em termos de limpeza, já que o ambiente estava bem organizado.
Preço ★★★☆☆
A comida mineira é simples, feita com ingredientes comuns no quotidiano de quem vive por aqui. Quando servida em um restaurante de uma zona turística, que mistura a rusticidade com o atendimento refinado, é natural que seja cobrado um valor mais alto pelos pratos. Dessa forma, acho que o preço é adequado ao ambiente e o serviço prestado.
Comida ★★★★☆
E é justamente a gastronomia mineira o foco do restaurante, incluindo opções como feijão tropeiro, frango com quiabo ou ora-pro-nóbis, canjiquinha com costelinha de porco, arroz com pequi e coisas do tipo.

Eu escolhi o tutu à mineira, que pode ser servido para uma ou duas pessoas e inclui lombo de porco, linguiça, torresmo, ovo frito, tutu de feijão, arroz e couve. É uma comida com tempero caseiro, mas com uma riqueza de sabores que eu adoro. Só a couve que estava um pouco salgada para o meu paladar, mas nada que chegasse a atrapalhar.

De sobremesa, não poderia deixar de pedir uma das combinações que eu mais gosto. Fui de mineirinho, que é um sorvete de queijo canastra com uma goiabada quente. O sabor estava muito bom, mas para ficar perfeito a calda que poderia estar mais grossa e eu sei que isso é possível porque costumo fazer a mesma coisa para servir com cheesecake.
Resumo ★★★★☆
Minas Gerais é famosa por sua gastronomia e esse restaurante combina bem os sabores tradicionais com um ambiente histórico. Eu achei um defeitinho aqui e outro ali porque sou acostumado a comer esses pratos, mas não dá para negar que estava tudo muito gostoso.