Título original: The Volcano: Rescue from Whakaari
Ano: 2022
Direção: Rory Kennedy
Depois da minha visita a Ercolano e Pompeia, comunidades romanas totalmente destruídas pelo Vesúvio, na Itália, eu comecei a ficar mais interessado em vulcões e assisti a alguns filmes sobre o tema. Esse documentário trata de um caso bem recente, ocorrido em 2019. O evento foi fotografado e filmado por turistas que visitavam o local no momento da tragédia, mas também conta com entrevistas de diversas pessoas envolvidas, incluindo autoridades, moradores locais e alguns dos sobreviventes.

Não são raros os acidentes e mortes durante passeios na natureza. Em muitos casos, trata-se de um evento que foge ao controle das pessoas. Em outros, sabe-se dos riscos e há desrespeito a regras, como ultrapassar barreiras de segurança. A primeira coisa que me chamou a atenção nessa história foi que tratava-se de um turismo bem estruturado, com barcos de qualidade e guias experientes, o que diminui a sensação de perigo. Além disso, é inegável a beleza do lugar e o apelo de vivenciar algo tão exótico.

Não posso negar que eu teria sido um potencial cliente desse tipo de passeio caso não me informasse melhor. O fato é que existem diferentes tipos de vulcões e alguns podem ser visitados com segurança mesmo enquanto acontece uma erupção. Não é o caso do Vulcão Whakaari, um dos mais ativos do país e com comportamento imprevisível. Ele vem expelindo gases continuamente desde que foi descoberto, em 1769.

Até o momento da tragédia, o local era visitado por milhares de turistas todos os anos, movimentando a economia da pequena comunidade de Whakatane, na Nova Zelândia. Mesmo sendo monitorado, com observação de sinais como terremotos, emissões de gases, aumento ou diminuição da massa vulcânica, temperatura na superfície e outros parâmetros, sempre existe o risco de uma explosão repentina.

Olhando em retrospecto, é fácil dizer que nesse dia havia sinais suficientes para a interrupção das visitas e o documentário cita a falta de responsabilização mesmo anos após o evento como um dos problemas desse caso. Quando entrou em erupção, havia turistas na ilha e mais de vinte pessoas perderam a vida no momento da explosão ou em consequência das graves queimaduras causadas pela alta temperatura. Em proporções muito maiores, foi justamente esse tipo de evento que destruiu as cidades romanas.

Além de conhecer o fato, que é realmente extraordinário, o documentário é interessante por focar nas perspectivas pessoais dos envolvidos. Um dos aspectos que me chamou bastante a atenção é a diferença de pontos de vista de cada um diante da vida após a tragédia, como eles foram afetados particularmente. Achei que faltou focar um pouco mais nas questões legais do ocorrido, como a responsabilização, e em como o turismo é explorado de forma irracional em muitas ocasiões. Esses aspectos são citados, mas nunca aprofundados, e poderiam enriquecer a narrativa.

De modo geral, o documentário não traz nenhuma inovação, mas serve a seu propósito de levar a tragédia do Vulcão Whakaari ao conhecimento de uma audiência maior – eu mesmo não me lembro de ter ouvido falar do caso na época do ocorrido. Isso é importante como um alerta para tomar mais cuidado nos passeios, pesquisando sobre os potenciais riscos, principalmente no turismo de aventura. Além disso, é importante pressionar as autoridades responsáveis para o estabelecimento de um turismo responsável, aliando sua importância econômica para a região com a segurança, mas também outros temas, como a sustentabilidade ambiental.